O Halley de 1910, sobre a 5 ª Avenida, em Nova York |
O Halley de 1910 (gravura da época) |
Em 1835, o Halley, sobre Paris, visível em pleno dia! |
O cometa Halley é o mais célebre de todos os cometas. A sua história remonta ao ano de 239 a. C.
Devemos
aos remotos astrónomos chineses as observações que efectuaram nesses tempos
recuados e também todos os registos de outros cometas, incluindo as 10
posteriores aparições do mesmo cometa, entre os anos de 760 e 66 d.C. Mas eles
não foram capazes de associar nenhuma dessas aparições a qualquer outra
anterior, porque nesse tempo se pensava que esses estranhos visitantes nunca
mais voltavam. Hoje sabe-se que assim não é, depois que Edmond Halley, um
astrónomo inglês que viveu no século XVII, observou e estudou a trajectória dum
cometa brilhante que se via nos céus e a que deu o seu nome, em 1682.
Baseando-se
nos escritos enunciados no «Principia»,
de Newton, onde eram deduzidas as leis da mecânica celeste e nas leis que
Kepler equacionara para descrever o movimento dos planetas em torno do Sol,
Edmond Halley determinou a trajectória do cometa e foi capaz de prever o seu
regresso. Essa órbita é uma elíptica muito alongada e, contas feitas, o cometa
regressaria dentro de 75 ou 76 anos. E regressou. O astrónomo já não pertencia
ao número dos vivos, para poder presenciar e rejubilar-se com a sua
extraordinária previsão, mas o seu nome ficou para sempre ligado à astronomia e
o feito serviu de prova complementar às leis de Kepler e à revolucionário
teoria da gravitação de Newton.
Mas
nem por isso se esvaneceram as crenças nos maus augúrios trazidos pelos
cometas.
Antes
de Edmond Halley, em 66 d. C., segundo relatos ocidentais da época, o cometa
permaneceu visível quase durante um ano, sobre Jerusalém e "parecia um sabre ameaçando a cidade".
Esta passagem do Halley ficou associada à Guerra Judaica. Como se sabe, os
romanos do tempo do imperador Vespasiano, cercaram Jerusalém em 70 d. C. e
acabaram por tomar a cidade sitiada.
Em
1066, ano em que o cometa também reapareceu nos céus da Terra, é de lembrar o
resultado da célebre batalha de Hastings, entre Normandos e Ingleses: para os
Normandos ele ficou como um bom presságio, pois ganharam a guerra, enquanto que
os Ingleses o amaldiçoaram...
Também
uma situação semelhante aconteceu em 1910, aquando da implantação da República,
em Portugal. Para
os republicanos, o Halley tinha sido uma boa promessa; para os monárquicos, o
anúncio duma grande desgraça...
É
vasta a lista conhecida de desgraças e cataclismos atribuídas aos cometas, quer
ao Halley, quer aos outros. Ainda em relação a este célebre "viajante
interplanetário", lembremos Mehemed II e a queda de Constantinopla, em
1456. O responsável por essa calamidade, para os Cristãos e para toda a
cristandade... fora o Halley, que, no entanto, só passou 3 anos depois!...
A
última passagem do Halley, junto da Terra, verificou-se entre 1985 e 1986, como
previsto. Mas as condições de visibilidade foram muito afectadas pela grande distância
a que passou de nós, no seu caminho em direcção ao Sol, e também na sua rota de
regresso aos confins do Sistema Solar. Na Europa, na maior parte do tempo ele
aparecia-nos muito próximo da estrela, ao nascer ou por do Sol, sendo ofuscado
pelo seu brilho. Mas no hemisfério austral – por exemplo, na África do Sul –, o
Halley manteve-se muito tempo ao alto, no céu nocturno e foi possível
observá-lo sem dificuldade. Esta última aparição do célebre cometa terá sido
uma das mais pobres de toda a História.
A
próxima passagem será no ano de 2061.
Entretanto, espera-se pelo Ison... no próximo mês.
Entretanto, espera-se pelo Ison... no próximo mês.
Um comentário:
Apesar de não perceber quase nada de Astronomia , gostei de ler este texto àcerca do cometa Halley ,do qual eu já tinha ouvido falar , mas desconhecia todos estes pormenores !
Um bom Domingo
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