Desenho da Época. |
Em Março de 1811, um astrónomo francês de nome Honoré Flaugergues, fez
saber da existência dum cometa que haveria de mostrar-se de grande brilho, no
Outono desse mesmo ano, e que seria muito facilmente visível a olho nu.
Nalgumas gravuras desse tempo, ele aparece retratado com cabeça de
mulher e um archote nas mãos, com que pegava fogo às videiras, já que era
Setembro, a época das vindimas!
Napoleão, optimista, antes das desastrosas campanhas da Rússia, tinha-o
considerado um bom augúrio; afinal, ele terá sido um bom prenúncio, sim… para
os seus inimigos!
E a posteriori, segundo
Guillemin, o astro foi tido pelos franceses, como responsável pelas derrotas de
Bonaparte na Rússia, e na batalha de Smolenski…
E embora por toda a Europa o cometa tivesse aterrorizado as populações,
não fugindo Portugal à onda de irracionalidade, aconteceu que, nesse ano de
1811, tivesse sido produzida uma colheita de Vinho do Porto de qualidade rara,
classificada como vintage de 5
estrelas!
Logo, os mais interessados (os produtores
de célebre néctar), numa manobra publicitária oportunista e muito bem atempada,
se aprestaram a associar a excepcional qualidade do vinho ao aparecimento do
cometa e o seu bom presságio… muito embora nesse mesmo ano, tivessem caído as
exportações do célebre vinho!
A atribuição da denominação vintage
passou a ser utilizada daí em diante. Chamaram-lhe Flaugergues, como haveriam de dar o nome de Waterloo, à colheita de 1815, quando outro grande cometa fez a sua
aparição.
"A correlação do vintage do
Vinho do Porto de 1811 com o grande cometa desse ano, afigurava-se perfeita",
segundo disse H. Warner Allen (A History of
Wine, Londres, 1961.
Entretanto, na velha Europa, o povo julgou que o cometa era anunciador
do fim do mundo, gerando um onda de terror, com já havia acontecido noutras
épocas (e que, pelos vistos, continua a acontecer sempre que algo de muito
incomum acontece nos céus… e até nas convulsões da própria Terra).
Ninguém ficou indiferente à imponência do cometa, tanto mais que ele
acabou por permanecer nos céus, durante nove meses!
Até na prestigiada Histoire de
l’Astronomie, publicada em Paris, em 1873, Ferdinand Hoefer lhe fez
referência.
Sob o ponto de vista científico, há a assinalar que um grande astrónomo
desses tempos, Herschel, sustentou, e com razão, que este tipo de astros também
está sujeito a um movimento de rotação, com os planetas e seus satélites.
Para além de ter sido calculada a cauda do cometa em cerca de 150
milhões de quilómetros – a distancia Terra/Sol – e a cabeleira nuns 2 milhões,
um outro astrónomo, Argelander, calculou a órbita do cometa em 3.065 anos!
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* Extracto do meu livro "História Breve dos Cometas"
2 comentários:
Olá, amigo. Boa noite! Um magnifico post, o poema de computador. Parabéns pela criatividade!! Ficou perfeito... estou aqui para agradecer sua visita, e dizer que é sempre um prazer receber um amigo tão ilustre. Volte sempre! Obrigada por partilhar. Grande abraço e boa semana!!
Pois o meu computador não me corrige.Tenho que ser eu a ensiná-lo que o dono escreve como aprendeu com os mestres e não com fedelhos bajuladores de quimeras.
Sobre o cometa, não sei por onde ele entrou depois de uns copázios do tal vintage de 1811. Lá dizia o outro ( eu ) "Quem nunca viu um cometa/ não sabe aquilo que diz/ ponha os olhos nas estrelas/ e no cometa o nariz. Haverá outro local onde enfiar um cometa, visível a olho nu???
Um abração do mesmo de sempre.
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